Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Contexto histórico

Na hora e no lugar certos

Colaboração para Folha Online

Juntamente com Leonardo Da Vinci e Rafael Sanzio, Michelangelo Buonarroti é um dos três grandes expoentes da arte do Renascimento italiano. Os três foram artistas completos, que se aventuravam com sucesso pela pintura, escultura, arquitetura e desenho. Homens influentes em sua época, foram celebrados ainda em vida tanto pela nobreza quanto pelo povo.

Mas, se Michelangelo foi um símbolo renascentista, podemos dizer também que ele foi um dos primeiros a apontar para algumas mudanças em relação a esse estilo de pintar e esculpir: considerado um dos primeiros a antecipar o "maneirismo" e o "barroco", Michelangelo gostava de representar pessoas em posições peculiares, com os corpos contorcidos e sempre em movimento. Muitas vezes o artista distorcia as escalas, criando personagens gigantescos e em posições extravagantes, bastante expressivos e dramáticos. Sua magnífica estátua de Davi, por exemplo, possui pés e mãos em proporções maiores que o corpo.

Seu estilo, também chamado de "heróico", já sinalizava algumas mudanças em relação aos renascentistas mais puros, que se baseavam em valores clássicos greco-romanos e na representação racional das figuras. Michelangelo ousava ao representar personagens bastante musculosos, exagerados, por vezes alongados ou desproporcionais. E sempre propositalmente.

Sua trajetória não teria sido tão brilhante, porém, caso tivesse vivido em outra época. Cidades como Florença e Veneza passavam por um momento de extrema agitação cultural, com nobres e clérigos incentivando as artes. A ampliação das fronteiras, com a descoberta do Novo Mundo e o crescente comércio com as Índias, trazia riquezas à Europa e incentivava o mecenato. Um homem como o papa Júlio II, com suas manias de grandeza e sua vaidade, foi fundamental para que um gênio como Michelangelo tivesse a oportunidade de colocar em prática sua técnica e talento.