Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Contexto histórico

Viena, epicentro cultural

Colaboração para Folha Online

Na virada do século 19 para o século 20, a cidade de Viena produziu uma extraordinária geração de pensadores e artistas. Entre eles, o pai da psicanálise, Sigmund Freud, o filósofo Ludwig Wittgenstein, os escritores Karl Kraus e Hugo von Hofmannsthal, os compositores Gustav Mahler e Arnold Schönberg. Seus nomes, junto com o de Gustav Klimt, ajudaram a compor e dar relevo ao epicentro cultural que os historiadores costumam chamar de "modernidade vienense".

Viena, capital da Áustria, viveu intensamente a transição entre os dois séculos, período caracterizado por um cenário de efervescência política, intelectual e ideológica, que teria visíveis desdobramentos na história européia das décadas subseqüentes, até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Era o momento em que assistia-se à derrocada definitiva de uma estrutura social baseada em uma aristocracia agrária e financiada por mercadores burgueses. Novas forças econômicas e políticas -- assim como novas reivindicações e demandas sociais -- surgiam no bojo da Revolução Industrial.

No mundo das artes, tem início a chamada Art Nouveau, essencialmente gráfica e decorativa, uma reação ao academicismo no qual estava impregnada a arte do século 19. O trabalho de Klimt se desenvolveu a partir da Art Noveau, mas evoluiu para um estilo pessoal, com assumida influência da arte da Antiguidade, especialmente egípcia e grega, mas também dos famosos mosaicos bizantinos.

No final da vida, Klimt aproximou-se da estética impressionista, inclusive tendo passado a se concentrar na pintura de paisagens. Mas suas experiências e ousadias formais, especialmente suas ornamentações recheadas de detalhes e motivos oníricos, em que os símbolos substituem a tarefa de retratar o mundo natural, abriram caminho para o abstracionismo, que marcará em grande medida as artes do século 20.