Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Biografia - Diego Velázquez (1599-1660)

Existência tranqüila, talento nato

Colaboração para Folha Online

A maior marca deixada pelo artista espanhol Velázquez foi seu dom em propiciar dignidade e decência a todos os personagens que retratava, fossem eles reis, mulheres, crianças ou mesmo anões e bufões.

Diego Rodríguez de Silva y Velázquez era filho de nobres e nasceu em junho de 1599 em Sevilha, na época a cidade mais rica da Espanha devido ao seu movimentado porto. Incentivado pelo pai, estudou nas melhores escolas e, já aos 12 anos, iniciava os estudos em pintura, primeiro com Francesco de Herrera, conhecido como "el Viejo", e depois com Francisco Pacheco, que viria a ser seu sogro.

Precoce ao demonstrar talento para as artes, Velázquez mudou-se para Madri ainda muito jovem e, aos 24 anos, já assumia o cargo de pintor oficial da corte do rei Filipe IV. Ocuparia a função até o fim da vida, o que lhe daria condições de viajar e trabalhar com tranqüilidade.

Em 1628 tornou-se amigo do pintor holandês Rubens, que visitava Madri. Juntos, trocaram idéias sobre trabalhos do Renascimento italiano e conversaram sobre mitologia, o que aumentou o desejo de Velázquez de conhecer a Itália, terra de pintores que exerceram grande influência sobre ele, como Caravaggio, Ticiano, Tintoretto e Veronese.

Filipe IV lhe deu permissão para viajar e, em 1629, Velázquez foi à Itália, passando por cidades como Gênova e Veneza até chegar a Roma, onde ficou por cerca de um ano. Seguiu depois para Nápoles, na época uma possessão espanhola. Especula-se que o artista tenha pintado muitas obras nesse período, mas apenas duas chegaram aos dias de hoje: "A Túnica de José" e "A Forja de Vulcano". Um Velázquez ainda mais influenciado pelos renascentistas e pela arte clássica retornou a Madri em 1631, iniciando sua fase de maior produtividade.

Homem de vida tranqüila e comedida, Velázquez pintava com calma e lentidão, já que, por ser membro da corte real, era obrigado também a cumprir funções burocráticas. De temperamento suave, levou uma vida sem grandes reviravoltas e de produção artística relativamente pequena: menos de 150 telas suas chegaram aos nossos dias. Calcula-se, porém, que tenha pintado não mais que 200 quadros ao longo da vida, dado seu ritmo compassado. Morreu em julho de 1660, em Madri, aos 61 anos de idade. Exatamente uma semana depois morria Juana, a filha de seu mestre Pacheco, com quem se casara aos 19 anos.