Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Contexto histórico

O pai da arte moderna

Colaboração para Folha Online

"Em sua pintura, nada é invenção, tudo é pesquisa", disse da obra de Paul Cézanne o crítico italiano Giulio Carlo Argan. De fato, ele levou ao extremo a pesquisa impressionista inicial e produziu o que o mesmo Argan chamou de "impressionismo integral". Ou, como prefere a historiografia mais tradicional, sua produção artística integra o rótulo genérico do pós-impressionismo, no qual figura ao lado de Vincent van Gogh e Paul Gauguin.

A dissidência de Cézanne em relação aos impressionistas de primeira hora decorre de uma questão conceitual básica: ainda que recorra aos tons difusos e as pinceladas justapostas, ele nunca abandonou o que considerava a "soberania da forma".

Era um estudioso atento de obras clássicas, barrocas e românticas. Nos primeiros anos de carreira, passava horas no Louvre copiando telas de Velázquez e Caravaggio. Ao mesmo tempo, mesmo que tenha procurado devolver à pintura os princípios básicos da composição e da forma, não se submeteu às leis da perspectiva. Libertou-se do realismo e estabeleceu uma exploração geométrica singular, que será herdada diretamente pelos cubistas em particular e pelos abstracionistas em geral.

Não é à toa que, ao fazer uma espécie de ponte entre o passado e o futuro, Paul Cézanne seja considerado o "pai da arte moderna". "Ele é mesmo o pai de todos nós", reconheceu Pablo Picasso.