Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Contexto histórico

Goya, entre os primeiros 'Modernos'

Colaboração para Folha Online

Reconhecido como um dos mais importantes pintores de seu tempo (senão o maior deles), Goya viveu entre os séculos 18 e 19, e seu grande mérito artístico reside no fato de que "representa a Modernidade porque vive o seu tempo com absoluta entrega e generosidade", como definiu o crítico Pablo J. Rico na ocasião da 23ª Bienal Internacional de São Paulo, na qual Goya foi "convidado especial".

Artista sensível e transparente, Goya eternizou em seus quadros o estado de espírito em que se encontrava durante o processo artístico. Depois da grave e até hoje desconhecida doença que lhe tirou a audição, sua obra tornou-se mais rica e expressiva, ainda que marcada por uma visão mais pessimista do mundo e do ser humano. A Revolução Francesa, a execução da família real na França e a guerra civil que tomou conta das ruas de Madri após a invasão das tropas napoleônicas, observada de perto pelo pintor, são muito importantes em sua trajetória. A violência dos homens e das guerras é marcante na obra de Goya.

O pintor é extremamente importante, também, por ter apresentado em seus quadros traços precursores de diversos movimentos artísticos que só "aconteceriam" no século 19: a maneira como exaltava a cor viria a ser uma característica típica do Romantismo; o naturalismo e a forte crítica social presentes em suas telas são marcas do Realismo; impressionistas como Monet viriam a se inspirar em suas pinceladas, que sobrepunham cores puras para criar novos tons; o modo "livre" como pintava era típico do Impressionismo, como demonstra uma brilhante fala sua: "Não vejo os detalhes, nem conto cada fio de cabelo das pessoas nas ruas, ou os botões do paletó. Não há razão para que meu pincel veja mais que eu mesmo".

A realidade deformada e as visões oníricas e fantásticas presentes em algumas de suas obras do fim da vida, por sua vez, são típicas de escolas como o Expressionismo e o Surrealismo, esta última "nascida" somente no século 20.