Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Contexto histórico

Antecipando tendências

Colaboração para Folha Online

Velázquez nasce no último ano do século 16, período em que a Espanha havia se tornado a nação mais rica da Europa graças às suas colônias no Novo Mundo. O barroco era o estilo predominante, com seus contrastes de luzes e sombras, cores escuras e carregadas. Temas religiosos ainda eram os mais representados e Velázquez, apesar de ter feito quadros com essa temática, ficaria mais famoso por sua magnífica habilidade em pintar retratos.

Antecipando técnicas da Arte Moderna que seriam desenvolvidas por impressionistas como Manet, Renoir e Monet, o pintor sevilhano era um mestre em representar cenas e figuras que, vistas de perto, não diziam muito, por causa de suas pinceladas livres e cruas, transparentes e borradas. Porém, quando olhadas de uma certa distância, seus detalhes ganham uma dimensão e beleza impressionantes. O "todo" só é apreendido quando visto de longe, evidenciando o talento e habilidade do pintor.

É possível afirmar, inclusive, que sua maneira realista de representação constituía, na verdade, um "falso realismo": baseava-se somente na luz refletida pelas pessoas e objetos, quadros feitos sem esboços, sem linhas e marcações previamente desenhadas e com leves toques de pincel. Daí a dificuldade em "entendê-las" olhando muito de perto. Os impressionistas, já no século 19, ficariam conhecidos exatamente por isso: reproduziam as paisagens de acordo com a luz que incidia sobre elas, fazendo uso de pinceladas soltas, pouco precisas.

Diego Velázquez trabalhou para o rei Filipe IV por 37 anos. Ao tornar-se pintor oficial da corte, o rei tinha apenas 18 anos. Durante as viagens do artista à Itália, a família real não permitia que nenhum outro pintor fizesse retratos seus: esperavam até que Velázquez retornasse. À época de sua morte, o rei lhe proporcionou um magnífico funeral. E o império espanhol, em 1660, já dava indícios de sua decadência: era o início do fim de seu período áureo.