Contexto histórico
As impressões de um tempo remoto
Colaboração para Folha OnlineUm fato ocorrido ainda na juventude de Renoir é bem marcante das mudanças que aconteciam em sua época: após cinco anos trabalhando como pintor de porcelanas em Paris, o jovem perdeu seu emprego devido à criação de um processo mecânico de estamparia em louça. Era a sociedade industrial que crescia, com suas máquinas e produção em massa.
Alguns anos depois, em 1870, Renoir foi convocado para a guerra franco-prussiana, mas faz de tudo para voltar a Paris, o que acontece no ano seguinte. Foram anos difíceis para os impressionistas: Monet fugira para a Inglaterra, e Bazille acabou morto em combate. Seria apenas em 1974 que os amigos voltariam a se reunir.
Renoir já foi considerado um "hedonista burguês" por retratar tantas cenas de pessoas se divertindo, comendo e bebendo. Ou mesmo por realizar tantos retratos de amigos e personalidades da dita "alta sociedade". Porém, como em toda crítica radical, é injusto caracterizá-lo dessa maneira. Renoir só conseguiu viver confortavelmente depois dos 40 anos, e era o tipo de artista que só trabalhava quando estava feliz (e talvez exatamente por isso não tenha enriquecido precocemente). Foi, também, um pintor que não teve medo de mudar seu estilo quando sentiu essa necessidade: durante alguns anos, após voltar das viagens à Argélia, Espanha e Itália, dedicou-se a temas mais clássicos e formalistas.
Sua habilidade em pintar a luz que passa por entre folhagens e atinge o solo e as pessoas em pequenos pontos de claridade e sombras era excepcional. A atmosfera alegre e descompromissada de trabalhos como "Le Moulin de la Galette", de 1876, também emocionam e, nostalgicamente, nos remetem a uma época que não existe mais. No fim da vida, Auguste realizou ainda diversas esculturas, geralmente de mulheres de formas voluptuosas. Mesmo não conseguindo usar as mãos habilmente devido à artrite e ao reumatismo, produziu diversas peças tendo dois ajudantes como seus "braços".