Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Contexto histórico

Um impressionista bissexto

Colaboração para Folha Online

Edgar Degas foi um típico artista do século 19: época de grandes mudanças geopolíticas, avanços tecnológicos e, no caso de pintores como ele, grandes mudanças na maneira de se fazer arte. O Realismo, em oposição ao Romantismo, baseando-se na razão, no desenvolvimento da ciência e no retrato da realidade, era a corrente "do momento". E os Impressionistas, grupo onde Degas geralmente é enquadrado, foram revolucionários ao propor uma nova maneira de pintar, onde o movimento e a luz eram os elementos mais importantes das obras, com pinceladas mais soltas e ligeiras, fugindo da maneira "clássica" e acadêmica de fazer arte. Pintar à luz do sol era outra característica desses artistas.

Degas, por vezes, gostava de se classificar como um pintor "realista". Numa de suas declarações, porém, chegou a afirmar: "Feliz de mim, que não encontrei o meu estilo, coisa que me faria muita raiva!". Obcecado pelas linhas de Ingres, mesclou em seu trabalho diversos conhecimentos das artes clássicas, de inspiração renascentista, com inovações típicas dos pintores de sua época, como a maneira diáfana de usar a tinta e a preferência por retratar cidadãos comuns, populares, desconhecidos. O Impressionismo seria o estopim para diversos movimentos de ruptura da Arte Moderna.

Das oito Exposições Impressionistas realizadas entre 1874 e 1886, Degas participou de sete. Porém, em vida, teve apenas uma mostra individual concretizada. Seu verdadeiro reconhecimento viria apenas após sua morte. Nessa ocasião, a Europa vivia os horrores da 1ª Guerra Mundial. Por sinal, algumas décadas antes, por volta de 1870, o artista serviu no setor de artilharia durante a guerra Franco-Prussiana, da qual a França sairia perdedora e teria início a República.