Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Contexto histórico

As raízes do expressionismo

Colaboração para Folha Online

Além de colocar a Noruega no mapa artístico da Europa, a obra de Edvard Munch foi um dos marcos fundadores do Expressionismo, movimento que se caracterizou pela tentativa de passar para a tela o impacto emocional, os sentimentos e as experiências interiores do artista. O pintor não era mais apenas um mero observador das aventuras e desventuras humanas. Era parte integrante e indissociável delas. "Assim como Leonardo da Vinci estudou a anatomia humana e dissecou cadáveres, eu procuro dissecar a alma humana", observou Munch.

A obra mais famosa do artista norueguês, "O Grito", sintetizou os principais ingredientes do expressionismo. O cenário tenso, a distorção das forma humana que chega a beirar o caricatural, a agressividade das pinceladas, tudo colabora para compor uma atmosfera dramática, que emana desolação, tragédia e pessimismo. "A imagem expressionista tenta impressionar não o olho, mas penetrar, atingir profundamente quem vê", definiu o crítico italiano Giulio Carlo Argan, autor do já clássico "Arte Moderna".

A estética expressionista procurou refletir as angústias e inquietações do homem contemporâneo, um ser atônito, imerso em um mundo povoado pela dúvida, pela alienação e pela incerteza. Antes, a crescente industrialização e o surgimento das massas proletárias haviam fornecido material abundante para os pintores naturalistas, que passaram a retratar a miséria das massas excluídas como uma conseqüência perversa do crescente progresso científico e econômico pelo qual então passava o mundo. Os expressionistas foram ainda além. Não se contentaram em denunciar apenas os males sociais. Justamente quando as teorias a respeito da psiquê humana começavam a despontar, eles propunham também o mergulho nos insondáveis abismos interiores do indivíduo.