Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura

Contexto histórico

Retratista da burguesia

Colaboração para Folha Online

A Holanda do século 16 já era uma nação incomum, se comparada com seus vizinhos França, Espanha e Itália. Burgueses protestantes, liberais para a época, viam funcionar um tipo de democracia inédita até então: pessoas de diferentes credos (entre judeus, católicos e luteranos) e de distintos níveis sociais viviam em relativa harmonia. A Holanda havia se libertado do domínio espanhol em 1609.

A crescente burguesia enriquecia e o acesso à arte, que nos países católicos era restrito somente à aristocracia, ficava também mais democrático. Esse fértil terreno foi fundamental para que um artista como Rembrandt, de reconhecido talento, pudesse ter uma produção tão grandiosa. O período em que viveu é chamado de "a era de ouro da Holanda", quando a influência política, o comércio, a cultura e a ciência do país atingiram o ápice.

A capacidade de detalhamento e a incrível sensibilidade fizeram dele, porém, um artista "temido" pelos clientes: Rembrandt conseguia atingir nos rostos dos retratados um alcance psicológico profundo. Era como se passasse para as telas sua visão crítica do caráter da pessoa que posava.

Enquadrado na estética do Barroco, o artista era um mestre na técnica do "claro-escuro", além de exímio gravurista. Porém, a maneira como pintava nos últimos anos de vida, com pinceladas livres que apenas sugeriam formas e detalhes (ao invés de fazê-los com perfeição), já antecipava características de artistas modernos típicos do século 19, como o retratista John Singer Sargent.